Em cartaz: Crítica de O Mistério do Relógio na Parede

Quando um simpático menino órfão, Lewis (Owen Vaccaro) vai morar com seu excêntrico tio (Jack Black) em uma mansão repleta de relógios, descobre um mundo de magia que até então desconhecia. Um resgate da era da inocência poderia ser a missão desse filme e de certa forma até realmente tem sido mesmo. Produzida pela Amblin de Steven Spielberg, como nas produções infanto-juvenis dos anos 80, como Os Goonies, Os Gremlins e E.T, O Mistério do Relógio na Parede tem essa pegada misturando um toque sombrio de terror ao ritmo de comédia e fantasia do longa. Isso tem uma explicação; seu diretor é Eli Roth; famoso pelo sanguinário O Albergue - entre outras produções macabras. Roth parece maneirar na mão nesta superprodução encontrando um denominador comum ao dirigir para um público de “baixinhos”. Adaptar um best seller, neste caso o livro homônimo do escritor John Bellairs publicado em 1973 (bem antes de Harry Potter diga-se de passagem), sempre implica em algum risco, mas Roth dá conta do recado e se sai bem. É interessante como ele joga com as cores mais vibrantes das cenas a luz do dia que se contrastam com as cores frias das cenas noturnas. A participação da linda e talentosa Cate Blanchet abrilhanta a lúdica produção. Por outro lado, o filme peca por não aterrorizar de fato nas cenas mais soturnas e muito menos nos faz rir de fato nas cenas de comédia. O filme é morno e fica em uma linearidade que pesa em um longa-metragem com mais de uma hora de duração. No entanto, o longa aborda a questão do bullying com sutileza transmitindo uma bela mensagem. E talvez a mensagem mais válida que o longa pretende transmitir e faz os pequenos refletirem é que não devemos ter vergonha de sermos nós mesmos, ainda que isso implica em sermos diferentes e, principalmente, que ser diferente nem sempre é ruim – ser diferente pode ser de veras especial! A meninada vai gostar!