Uma noite inesquecível: reestreia de “Bibi – Uma Vida Em Musical”

Por Diego Cosac

Não escrevo sobre teatro, sou crítico de cinema e audiovisual, mas me permito fazer uma exceção para narrar uma experiência sensacional tanto no âmbito pessoal, quanto no âmbito profissional. Convidado por sua filha, Thina Ferreira, fui à noite de reestreia do musical “Bibi – Uma Vida Em Musical” que narra a trajetória de Bibi Ferreira. Um pilar das artes, conhecida como a grande dama do teatro, diva máxima dos palcos, Bibi teve uma vida tão rica quanto sua obra monumental, com 75 anos de palco e mais de 170 diferentes espetáculos onde atuou, dirigiu, cantou, dançou, escreveu, tocou violão, piano, falava mais de 6 idiomas, se apresentou com sucesso em lugares como Paris, Nova Iorque, Lisboa e Buenos Aires e etc... Como se não bastasse a magnânima importância de Bibi Ferreira para as artes, para muitos, e para mim, ela foi a maior e mais completa artista do país, o musical é um espetáculo a parte. Me tocou profundamente, tendo em vista que eu mesmo, como cineasta que também sou, preparo, com o neto de Bibi, Felix Ferreira, uma cinebiografia documental sobre a vida da diva. Todo trabalho de pesquisa que fazemos há anos para narrar Bibi nas telonas eu vi ali no teatro em suma, resumido, condensado, para algumas horas de verdadeiro show. E show é a melhor palavra para se usar nesse caso, pois tanto Bibi quanto seu musical são a essência do showbiz. Bibi foi a rainha dos musicais e um musical sobre sua vida é uma homenagem e tanto. A reestreia do espetáculo é parte das comemorações do centenário de Bibi, que também teve seu nome dado pelo prefeito do Rio de Janeiro ao maior complexo cultural da América Latina, Cidade das Artes Bibi Ferreira, tudo na mesma semana. Para começar com o belíssimo teatro Riachuelo - Cine Palácio, que é um dos mais bonitos do Rio de Janeiro. Está tudo ali, as luzes da ribalta, as plumas, as danças coreografadas, os cantos entoados por cantores singulares, o brilho de uma grande estrela e muito mais... A produção não deixa absolutamente nada a desejar às grandes produções da Broadway. Fiquei orgulhoso de ver algo dessa qualiade feito no Brasil sobre uma grande artista brasileira. O musical se concentra nos principais trabalhos de Bibi, todos de extremo sucesso, como "Piaf, My Fair Lady, Hello Dolly e A Gota D´Agua", e em sua vida amorosa e familiar com os maridos e turbulentos romances, a mãe e o pai, o renomado ator Procópio Ferreira, que em sua época era considerado o melhor ator do país, a filha Thina e a irmã Lygia. O elenco é todo fabuloso, mas 2 atores roubam a cena por completo pois conseguem imprimir uma semelhança quase sobrenatural aos seus personagens, ajudados por uma ótima caracterização e o fato de ambos envelhecerem no palco diante da plateia. Trata-se da protagonista Amanda Acosta, com todos os trejeitos e a voz de Bibi Ferreira, impecável e o excelente Chris Penna, personificando o pai de Bibi, Procópio Ferreira. Efeitos visuais rebuscados, cenários reluzentes e um figurino vistoso e colorido ajudam a compor um todo encantando a plateia que aplaudiu de pé por muitos minutos seguidos ao fim da peça. Chamada ao palco, Thina Ferreira, que também fez a pesquisa para o musical, declamou um belo discurso, agradecendo o carinho do público e relembrou sua mãe. Uma biografia oficial de Bibi está sendo preparada por Thina, que criou o Instituto Bibi Ferreira - de grande importância para a cultura nacional. Tudo muito tocante e emocionante. Sem ir ao teatro desde o início da pandemia devido ao lockdown e seus desdobramentos, a peça me revigorou e me fez lembrar, que apesar de ser um homem de cinema, adoro o teatro, as artes, teatro esse que Bibi Ferreira foi a autoridade máxima e fez do palco a sua vida! Altamente recomendado!