O Triste Adeus à Arnaldo Jabor

Por Diego Cosac

Um AVC levou um dos intelectuais mais assertivos do Brasil e o cineasta que melhor “traduziu” a obra de Nelson Rodrigues para as telonas. Internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Arnaldo Jabor nos deixou aos 81 anos. Perdemos uma mente brilhante e efervescente que com um toque de ironia e sarcasmo, se consagrou nas telas de TV, fazendo comentários políticos pertinentes, mas ácidos, com certa leveza e humor... talvez essa faceta de Arnaldo Jabor tenha sido a mais conhecida dos jovens nascidos dos anos 90 para cá. Porém é importante lembrar que Jabor já era célebre no cinema, com uma filmografia sólida, marcada por estilo, que deu sua inegável contribuição para a segunda parte do Cinema Novo – um cinema realista que pretendia refletir o Brasil dos anos 60, baseado no Neorealismo italiano e na Nouvelle Vague francesa, rompendo com o cinema de estúdio Hollywoodiano, realizando curtas metragens documentais. Um intelectual, Jabor começou sua carreira de fato como crítico universitário de cinema e teatro, tornando-se depois um cineasta prolífico graças a influência de seu amigo Cacá Diegues. Inovou ao usar som direto em seus filmes deixando de lado a cultura do foley. Jabor bebeu muito na “fonte” chamada Nelson Rodrigues fazendo filmes como “Toda Nudez Será Castigada”, um sucesso de bilheteria que ficaria na tênue linha entre o Cinema Novo e as Pornochanchadas, levando o Urso de Prata no Festival de Berlim e “O Casamento”. Seus maiores sucessos vieram depois com “Eu Te Amo”, estrelado pela brasileiríssima diva internacional Sônia Braga e “Eu Sei Que Vou Te Amar” onde concorreu à uma Palma de Ouro no Festival de Cannes e consagrou Fernanda Torres com o prêmio de melhor atriz do festival naquele ano, um feito e tanto. Para alegria de seus fãs, Jabor deixou uma obra inédita intitulada “Meu Último Desejo” - baseado em livro de Rubem Fonseca. É conferir!