Em Cartaz: Crítica de O Anjo

Produzido pela produtora dos irmãos Almodóvar, que por si só vem a ser uma grife no cinema. O Anjo trás a tona um dos mais famosos serial killers da Argentina. A semelhança do ator Lorenzo Ferro com o jovem Carlos Robledo Puch, o Carlitos, impressiona. O criminoso ganhou o apelido de "Anjo da Morte" por sua aparência jovial e de fato angelical, loiro com cabelos cacheados. Mas seu rostinho delicado escondia um assassino frio e violento que parecia matar e roubar por gosto e prazer, como mostra o filme, visto que não se preocupava muito com os frutos de seus crimes. Inclusive não roubava ou matava por necessidade e sim por puro sadismo. Confessou ter matado 11 pessoas e roubado dezenas de estabelecimentos. Cometia seus crimes também como forma de chamar a atenção de seu parceiro Ramón (Chino Darín - filho do mais famoso ator argentino Ricardo Darín). A relação entre ambos vai muito além do crime em si, havendo um clima homoerótico no ar. Na realidade o crime parece favorecer o erotismo. Enquanto Ramón é extremamente viril, Carlitos aparece sempre contrastando com seu aspecto andrógino e infantil. O filme explora, por exemplo, muitas cenas dele de cueca, mostrando que ele quase não possui pelos no corpo. O ator principiante Ferro faz um trabalho brilhante usando os lábios, o olhar e o sorriso ficando entre a malícia e a inocência. A produção é rebuscada com cenários e figurinos dos anos 70 bem trabalhados. A iluminação também é primorosa mostrando grandes espaços. O ritmo do filme é outro ponto forte pois imprime o suspense inerente a história de vida de um criminoso. No entanto, a direção não procura ser totalmente fidedigna à história, como acontece em muitas cine biografias. Muitas cenas são na realidade belas metáforas.

Mas o grande mérito desse filme é de fato trazer à tona um personagem tão rico. Vale lembrar que Puch é a pessoa há mais tempo presa no sistema carcerário da Argentina. Está na cadeia há 45 anos. Altamente recomendado!