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O Cinema e a Arte Russa - paixão que compartilho com meu primo Charles Cosac

  • Diego Cosac
  • 18 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

Meu primo Charles e eu compartilhamos uma paixão que começa nas artes plásticas, que Charles domina como poucos e eu no cinema, que também domino muito bem, influenciados pela pintura chegando ao cinema no mesmo movimento: A Vanguarda Russa. Charles Cosac, fundador-presidente da lendária Cosac Naify, referência internacional em livros de arte, fez sua tese de doutorado em teoria e história da arte na Rússia sobre o artista plástico Kazimir Malevich! Um dos mais complexos artistas de todos os tempos, experimentava formas abstratas e geometrizantes. Dominou como poucos as técnicas cubistas de colagem e sobreposição dinâmica de pontos de vista e elaborou uma importante resposta à poderosa influência futurista vigente na época. Malevich chamava seu estilo de cubo-futurismo mas foi mais além na busca da autonomia da arte criando o suprematismo que negava até mesmo a representação fragmentada do cubo-futurismo. O artista dizia que seus quadros abstratos compostos de quadrados e retângulos era uma realização do processo de autonomização da arte. A pintura suprematista era feita de formas puras, era a realização "concretamente pictórica" da "razão intuitiva", o caminho do verdadeiro realismo: acabava-se ilusão da arte como reprodução da vida e surgia uma arte que criava uma realidade própria e nova. Junto de Kandinsky e Tatlin formaram o auge da pintura russa daquele período em uma fase que ia do suprematismo chegando ao construtivismo. Foi um momento de grande experimentação no cinema influenciado por esses grandes artistas plásticos e suas ideias, no construtivismo os artistas eram engenheiros e desprezavam expressão lírica concentrando-se na tarefa da construção da obra. O construtivismo foi uma pedagogia para os sentidos. É uma expressão de uma revolução que quer refazer o mundo e encerrar toda alienação humana trabalhando e expondo o modo como as coisas são feitas. Os objetos construtivistas não são orgânicos, eles são feitos de fragmentos justapostos pedaços do mundo que compõem um novo objeto. Cineastas como Kuleshov, Eisenstein e Vertov tornaram-se gigantes. A ideia de Kuleshov na teoria da montagem, um pintor que foi convidado a trabalhar como cenógrafo nos estúdios de cinema Khanzhonkov, começou a defender o cinema autoral baseado na criação plástica. Isso teve uma grande importância não apenas no método mas em todo o campo de debate da escola russa. "O cinema é encarado como um conjunto de signos no qual os elementos valem por sua posição dentro da composição e não por serem registro do real". Kuleshov ainda abriria um estúdio laboratório onde teria Pudovkin e Eisenstein como discípulos. O famoso "Efeito Kuleshov" vem daí... O mesmo plano de um ator justaposto primeiro um prato de sopa, depois da porta de uma prisão e por fim em imagens de uma situação amorosa produz efeitos sobre o público com percepções diferentes a cada repetição - uma prova de que o sentido de cada elemento era dado por sua posição na montagem do filme. Daí a enorme importância da montagem! O cinema nessa época na Rússia era bancado pelo Estado primeiramente e devido às suas experimentações teve grande importância na história mundial inovando e quebrando com estilo de se fazer cinema clássico em Hollywood.

 
 
 

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