Em cartaz: Crítica de Hereditário
- Diego Cosac
- 22 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Mais um filme que causa grande estranheza no público como a película Mãe causou, Hereditário já entrou para o hall das grandes obras de terror do ano! Com um estilo que carrega uma pitada de Wes Craven, puxando para o terror de O Bebê de Rosemary de Roman Polanski, esta obra é um festival de absurdos, muito embora absurdos críveis, o que é importante de ressaltar. O filme conta a estória de uma família de classe média americana que tenta superar a morte da matriarca. Mas é um filme imprevisível que tem muitas reviravoltas e surpresas para seus espectadores. Sempre desconfiei de filmes de terror que provocam risos como este, mas o filme é anti-naturalista, o que explica muito do estranhamento que causa, e risos podem ser reflexo do que este estranhamento provoca no interior de cada um. Uma explicação poderia ser que os risos da plateia seriam os famosos “risos de nervoso”. Porém não se trata somente disso, a caracterização de cada personagem parece sim puxar um pouco para o cômico uma vez que o próprio diretor Ari Aster, que também assina o roteiro, parece se divertir e gargalhar com sua sádica direção de cenas marcantes e perturbadoras com cabeças decapitadas, rituais e cultos satânicos e combustão espontânea, imprimindo tortura aos espectadores. O filme é original, o que é louvável tendo em vista o esgotamento que existe quanto ao tema possessão demoníaca e uma cena com a câmera invertida mostra que o diretor vai além na busca por inovar dentro da linguagem do gênero quebrando com clichês. O uso de muitos planos gerais e câmeras objetivas exemplifica bem isto. Não há, por exemplo, as cenas de sustos baratas usando recursos de áudio, para imprimir sustos levianos na plateia. Outro fator que me chamou atenção foi que, como na obra prima de Alfred Hitchcock Psicose, um personagem importante da trama morre antes da metade do filme deixando a plateia chocada e confusa quanto ao caminhar da estória. O primeiro ato do filme acaba deixando o terror de lado com uma sub trama válida mostrando uma família disfuncional que tem dificuldade de encarar o luto e prosseguir com a vida após uma perda. Cada personagem lida com a morte a sua maneira, a mãe procura um grupo de ajuda, o filho procura as drogas e a filha abusa dos doces. À partir do segundo ato em diante entra a trama sobrenatural, o filme mostra ao que veio e é muito eficiente! Outro ponto forte é a exímia atuação da atriz Tony Collete que interpreta a mãe da família. A produtora e distribuidora A24 se firma como inovadora dentro do mundo do cinema de terror, uma vez que lançou outros sucessos puxando para o bizarro como A Bruxa. Há um porém no filme, é lamentável que o diretor tenha classificado prepotentemente essa obra como “muito mais que horror”, como se o horror fosse algo menor diante do seu filme e como se ele renegasse com vergonha o melhor que ele tem, pois é justamente através do horror que seu talento se evidencia. São nas cenas mais tensas e chocantes que o diretor melhor exerce a sua arte! Altamente recomendado!
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