Em Cartaz: Crítica de O Amante Duplo
- Diego Cosac
- 29 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Neste thriller psicológico de Francois Ozon, opto por dizer o mínimo possível para manter o charme do filme que é justamente a sua aura de mistério. Na trama, a belíssima atriz Marina Vacht, modelo feita atriz pelo próprio Ozon, faz uma jovem (de nome Chloé) que sofre com dores abdominais diagnosticadas como dores “psicológicas”, ela procura um terapeuta com quem acaba se envolvendo, vai morar com ele e começa a desconfiar do amado que aparenta esconder muitos segredos. Após iniciar uma investigação, acaba chegando no seu irmão gêmeo idêntico, também psicanalista, porém, com personalidade muito distinta. No fim tanto ele, como ela escondem particularidades, mas afinal, quem não tem seus segredos? Esse é o fio da meada do filme que gera muitas interpretações, e este parece ser seu ponto forte junto do fato de que Ozon consegue segurar a atenção do público o tempo todo com uma trama angustiante. Nos primeiros minutos do filme, um plano detalhe incrível mostra a câmera saindo do canal do útero até a vagina da protagonista que se encontra em uma sessão com sua ginecologista. Tudo então se alinha com os olhos dela, de onde cai uma lágrima. É genial não só pela exímia execução técnica, mas pelo fato de sintetizar o que vem a seguir de uma forma simples e minimalista. Ozon nunca jogou com sutileza em seus filmes e esta cena exemplifica perfeitamente isto! Quebra com todas as reservas de hipocrisia e falsa moral que se encontra por aí. Isto é Ozon e tudo que é inerente ao seu cinema, e de fato pode-se dizer ao seu estilo (pois ele tem estilo), está lá: para começar que como de costume Ozon fica entre o cinema comercial e o cinema de arte intelectual, trazendo um para o outro. Há também uma alta carga sexual, os conflitos e relações humanas e, claro, a psicanálise, como ele costuma abordar em seus longas! A obra homenageia o grande Brian de Palma através da narrativa, uma vez que Oson deixa sempre a plateia um passo atrás dos fatos da trama, marca registrada de De Palma! Há também uma influência do gênio Alfred Hitchcock, inclusive há uma cena que é uma clara referência ao mestre do suspense em que a personagem principal Chloé vai dormir na casa da vizinha e se intimida pelos gatos empalhados que decoram o quarto, tudo no melhor estilo Psicose e a salinha do Motel Bates. No entanto, há alguns “poréns”: Adaptado pelo próprio Ozon da literatura (do livro ‘Lives of the Twins’), O Amante Duplo não é exatamente um filme muito bem realizado uma vez que o suspense em questão é gratuito e se mostra sem fundamentos ao final da trama previsível. Deixa muitas questões em aberto, como a participação da vizinha. Esse é seu maior defeito! Não é o melhor de Ozon, que chegou a ser a grande promessa do cinema francês no passado e é certamente um nome de peso do cinema europeu contemporâneo. Mas tem a belíssima participação de outra lenda do cinema europeu; a diva Jaqueline Bisset! O longa não é uma obra prima mas prende o público do início ao fim!
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