Em cartaz: Crítica de Escobar- A Traição
- diegocosaco
- 23 de set. de 2018
- 2 min de leitura
O mérito dessa produção está justamente no fato dessa história já ter sido contada inúmeras vezes e mesmo assim o filme prender seus espectadores do início ao fim. É inegável que Pablo Escobar é um prato cheio para o cinema, figura com grande apelo, extremamente fascinante. Escobar- A Traição é uma cinebiografia cuidadosa, mas ao mesmo tempo já batida, sem muita novidade, visto que a trajetória do mais emblemático narcotraficante da História mundial é cheia de altos e baixos que foram explorados mais a fundo em outras produções como em inúmeros documentários, no filme Escobar: Paraíso Perdido com Benício Del Toro e na série do Netflix Narcos. Javier Bardem faz um Escobar carismático e profundo, que oscila entre um zeloso pai de família e o sanguinário matador que foi, dando um banho no Escobar de Wagner Moura que, por sua vez, se prendeu a maneirismos típicos de atores que trabalham no limítrofe dos arquétipos para compor seus personagens. Já Bardem demonstra todo seu inegável talento ao encarnar o famoso criminoso mesmo tendo que atuar em um incômodo inglês com sotaque hispânico – recurso utilizado visando o mercado americano. A composição de seu personagem impressiona. Impressiona também sua dedicação ao papel visto que Bardem engordou propositalmente consideráveis quilos ao longo das filmagens para mostrar Escobar em diferentes fases. Penélope Cruz, que interpreta a jornalista e amante do poderoso rei da cocaína, Virginia Vallejo, oscila entre uma atuação intensa e de fato exagerada. No entanto são eles dois, Javier e Penélope (casados na vida real), que seguram o filme como um todo. O fato do longa ser contado pelo ponto de vista de Vallejo, que assina o livro “Loving Pablo, Hating Escobar” de onde o filme foi adaptado, poderia ter sido um ponto a mais em originalidade mas o diretor e roteirista Fernando León de Aranoa se perde na narrativa muitas vezes confundindo os pontos de vista de Vallejo e do próprio Escobar. A importância de Pablo Escobar é ressaltada com galhardia, como foi Al Capone em outra época. Sua riqueza, poder e influência, inclusive na política interna da Colômbia e até na política externa dos EUA é abordada com eficácia. Escobar virou congressista, foi chamado de Robin Hood, mereceu um comunicado em rede nacional do presidente Ronald Reagan e até construiu sua própria prisão ao se entregar, feita aos moldes de um hotel de luxo. Isso tudo é mostrado com impressionante realismo. O filme apela para sequências dignas de megaproduções - como quando um avião carregado de cocaína aterrissa no meio de uma estrada em plena luz do dia nos EUA- para contar certas passagens incríveis da vida do traficante. É altamente recomendado!
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