top of page

Em Cartaz: Crítica de 1917

  • Diego Cosac
  • 1 de fev. de 2020
  • 3 min de leitura



Produção ambiciosa, grande favorita ao Oscar 2020 (com dez indicações), "1917" nos transporta para os campos de guerra de forma louvável e realista. A trama gira em torno da aventura dos jovens cabos do exército britânico Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) e sua perigosa missão, quase suicída de fato, para entregar uma mensagem para outro regimento que abortaria uma batalha envolvendo 1.600 vidas aliadas, tendo assim que atravessar o território inimigo em apenas um dia para salvá-los. Filmes bélicos raramente retratam a Primeira Grande Guerra como este, dando mais cartaz para a Segunda Grande Guerra e a Guerra do Vietnam. "1917" tem esse mérito e o faz com requinte. Muito embora títulos como "Cavalo de Guerra" de Steven Speilberg, "Glória Feita de Sangue" de Stanley Kubrick e "Johnny Vai à Guerra" de Dalton Trumbo, bem como o romance "Nada Novo no Front" de Erich Maria Remarque, nos brindem com pérolas desse período da História, os produtores o evitam ao máximo, pois além de pouco heróico do ponto de vista político, pela primeira vez o mundo viu aquele nível de destruição com a então tecnologia ascendente. Não somente o avião trouxe outra modalidade de combate, mas eles começaram com rifles, cavalos e espadas, terminando com metralhadoras, tanques e armas químicas. Sobre tal mérito, o diretor Sam Mendes declarou: “Após o centenário, senti que havia um risco de esquecimento. Já não está mais na consciência popular [...] É a guerra em que as fronteiras da Europa foram redesenhadas, é o primeiro conflito industrializado/mecanizado e também estabelece as principais causas da Segunda Guerra Mundial”, afirmou. “Moldou nosso mundo inteiro”. O que é uma grande verdade, já que foi a partir da I Guerra Mundial que Rússia e Estados Unidos se definiram como as grandes potências que levariam o mundo para o séc XX, resultando na II Guerra Mundial e Guerra Fria, como rivais históricos.

Divulgado como sendo "baseado em fatos reais", o próprio diretor admitiu que não sabia de muitos detalhes da hisória contada por seu avô, o ex-combatente Alfred Mendes, para criar o longa. Mas ouvira aquele relato pela vida toda e sabia que queria passá-lo para o grande público. O que consegue agora ao realizar uma produção épica convincente e emocionante que, principalmente, ousa na linguagem. Há planos sequências lindíssimos e elaborados, e de dificílima execução, com câmeras praticamente subjetivas, com overshoulders, nos mostrando as trincheiras repletas de lamas, corpos humanos e de cavalos, as moscas e os tiros, nos fazendo praticamente sentir o cheiro pútrido e fétido de um ambiente como aquele. Esses plânos sequênicas dão a impressão de que o filme inteiro é feito, de fato, por um enorme plano sequênica, com cortes bem discretos conectados digitalmente, disfarçando assim de modo que pareça que ele não foi editado. Como Alfred Hitchcock primeiramente nos apresentou em seu "Festim Diabólico" e Sam Mendes eleva à outro patamar em conjunto com seu diretor de fotografia Roger Deakins, em "1917". Deakins é um gênio e está em sua 14a indicação ao Oscar com "1917", já tendo ganhado por "Blade Runner". Como "O Resgate do Soldado Ryan" e "Apolaypse Now", esse longa não viza glamourizar ou romantizar os meandros das guerras com "eufemismos" cênicos. Ao contrário, a naturalidade dessa obra a torna um marco, desde já, nesse tipo de filme. Todo horror, angústia, medo e o nojo que se sente em um campo de batalha rodeado de morte e cadáveres por todo lado, está bem representado e explícito ali. Interessante a opção de Mendes ao escolher dois atores não tão conhecidos do grande público para protagonizar a produção. As performances de George MacKay e Dean-Charles Chapman, que fizeram "Game of Thrones" e "Capitão Fantástico" respectivamente, são bastante convincentes e comoventes nos deliciando com a amizade louvável entre seus personagens em um ambiente tão "durão" e adverso quanto as trincheiras de uma guerra. Já com Globos de Ouro de drama, direção e fotografia arrematados, as chances do épico para o Oscar são grandes e caso venha a ser premiado, será extremamente merecido. Embora muitos considerem "Parasita" e "Coringa" como também sendo um título à altura, penso que "1917" seja muito mais completo como filme e realmente eu achava "Coringa" meu favorito até ver "1917". A grande atração de "Coringa" é, de fato, a atuação marcante e altamente elogiada de Joaquim Phoenix, sendo principalmente um filme de ator. A estatueta dourada praticamente já é de Joaquim Phoenix. Já "1917", possui todos os elementos que fazem dele além de um filme grande, um grandioso filme também. Comos os grandes épicos do passado, do jeito que Hollywood, o Oscar, e a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, apreciam. Altamente recomendado!

 
 
 

Commentaires


  • Facebook
  • Twitter
  • LinkedIn

©2018 by Cine Panorama. Proudly created with Wix.com

bottom of page