A vida, a obra e a morte de uma lenda: a partida de Ennio Morricone!

Existem nomes que evocam uma lenda, esse é o caso de Ennio Morricone. Maestro, compositor e arranjador italiano, lendário, que assinou algumas das mais importantes trilhas da cinematografia mundial, como os sucessos de Sergio Leone e a trilha para o doce “Cinema Paradiso”. O icônico músico nos deixou ontem, dia 6 de julho de 2020, em Roma, aos 91 anos, devido a uma queda. Morricone eternizou momentos chave na história do cinema com uma obra massiva com mais de 400 composições e partituras para TV e filmes, demostrando uma genialidade latente. “The Good, The Bad And The Ugly” merece ser ressaltado com muito destaque justamente pela genial trilha sonora assinada pelo maestro que especializou-se em filmes de faroeste. Entretanto com “O Exorcista II”, “Gaiola das Loucas”, “Os Intocáveis”, “Missão para Marte”, "Malena" e “Ripley's Game”, Morricone continuou a exercer grande influência em sua arte e demonstrou incrível versatilidade ao incluir sons de animais, chicotes e instrumentos insólitos em suas obras. Colaborou com os mais importantes diretores mundiais, de seus conterrâneos Dario Argento e Bernardo Bertolucci à Brian de Palma, Oliver Stone, Roman Polanski, Warren Beatty, John Carpenter e Quentin Tarantino. Mas foi além, compôs o tema oficial da Copa do Mundo da FIFA de 1978 por exemplo. Suas vendas somadas superam os 70 milhões de cópias e tornou-se premiadíssimo com um currículo impecável: Além do Óscar Honorário "por suas magníficas e multifacetadas contribuições à arte da música cinematográfica" em 2007, Morricone foi agraciado com um Oscar por sua participação no filme de Quentin Tarantino, “The Hateful Eight” (na época se tornando a pessoa mais velha a ganhar um Oscar competitivo), sendo indicado mais seis vezes. Ganhou ainda três Grammy Awards, três Globos de Ouro, seis BAFTAs, dez David di Donatello, onze Nastro d'Argento, dois European Film Awards, o Golden Lion Honorary Award e o Polar Music Prize em 2010. Influenciou muitos artistas de estilos e gêneros bastante distintos, incluindo Metallica e Radiohead. Através da música se conta uma estória. A narrativa cinematográfica, até em filmes tido como mudos, tem nas trilhas sonoras uma forma de linguagem, podendo nos transmitir emoções como medo, alegria e tristeza. Os filmes mudos do final do séc XIX e início do século XX, eram apresentados para público sempre com um músico presente, ao vivo, acompanhando os filmes ao piano. Morricone foi genial pois não somente entendeu essa dinâmica como poucos, mas elevou essa arte à um outro patamar produzindo mais de uma centena de clássicos. Deixa um vazio mas também um inegável legado!